E como começou essa ideia de amamentação, e ainda mais on line? Sempre expliquei para as minhas pacientes porque as suas mães e avós davam tanto conselho advogando a favor do leite artificial: elas foram atravessadas por mais de um século de cultura anti-amamentação, mediada por várias questões, entre elas as mudanças da sociedade e a revolução industrial do século XX. Pediatra em início de carreira, comecei trabalhando em hospitais públicos que tinham uma política bem definida de incentivo ao aleitamento materno, e acabei parando no ambulatório de seguimento de primigestas, mães com falhas na amamentação e mães adolescentes. Que delícia de ver o sucesso daquelas consultas!! Aquelas meninas, muitas vezes de 13, 14 anos, amamentavam super bem, e seguiam suas vidas com seus bebês saudáveis e espertíssimos! Muitas mães mais velhas, que não tinham obtido sucesso na amamentação antes, também conseguiam amamentar seus bebês e realizar um acompanhamento longo e bem sucedido. Aprendi muito com as enfermeiras mais experientes e com as próprias pacientes, e comecei a me encantar com aqueles encontros. Estava apaixonada pelo assunto Amamentação. E quem não se apaixonaria? Um bebê sorridente e acarinhado no colo da mãe é uma visão apaixonante. Muitos anos de trabalho em maternidades “Hospital Amigo da Criança” e vendo mães amamentando super bem me convenceram: era muito mais fácil do que eu imaginava, se feito da maneira “correta”: sem atravessamentos, sem fantasmas, com algumas técnicas e um certo apoio. Então, porque raios as minhas amigas, familiares, conhecidas e muitas pessoas próximas tinham tanta dificuldade?? Porque as adolescentes do ambulatório e as mulheres de lugares mais simples tinham tanto sucesso?? E isso se tornou uma bandeira para mim... Ensinar às amigas e as amigas das amigas aquilo que eu via ser posto em prática todos os dias no postinho de saúde e nas políticas públicas... No começo ainda tropeçando, mas ajudando algumas mães, e sentindo que isso era muito importante. Trabalhei muitos anos em maternidades públicas, atendendo no ambulatório, fazendo plantão de UTI Neonatal, colocando bebês pra mamar na sala de parto, passando visita em alojamento conjunto, corrigindo pega e orientando sobre o aleitamento materno. Fiz curso de 18horas (treinamento nos hospitais do estado capacitando em promoção da amamentação), curso de Banco de Leite Humano, curso do método Mãe-Canguru, Gratidão, Sandra F.A.G... Curso de Psicanálise na Clínica Pediátrica, formação em Psicanálise da Criança, Gratidão Ada M. e Lia P...
Mas meu caminho não era ali, no hospital público, era no consultório. Gratidão Loreta C. S. M... E foram lá as minhas maiores alegrias e vitórias. Gratidão a todas as minhas pacientes, as que errei e as que acertei...
Como a vida é linda... E a minha hora de ser mãe chegou. Amamentei o João exclusivo por seis meses, iniciei fórmula com onze meses e ainda seguimos com a amamentação até um ano e nove meses, quando ele não quis mais. Nessa época eu estudava, dava aula, atendia no consultório e dava plantão na UTI, e um dia depois de uma jornada um pouco mais longa, cheguei em casa super feliz, morrendo de saudade e quando falei “OI FILHO!” e ele virou as costas e foi embora... Demorou duas horas pra falar comigo... Mesmo ficando bastante em casa, não era daquele jeito que eu queria que fosse, e manter os dois projetos, o meu filho e os filhos dos outros, não estava andando bem.
Decidi cuidar do casulo primeiro: encerrei o consultório em 2013, depois de dez anos na clínica. Foi quando descobri que o projeto tinha aumentado! Ao fechar o consultório, descobri que estava grávida de novo, e veio a segundinha... Segui meu projeto de ser mãe, consegui ficar um ano sem trabalhar fora, cuidando da casa e das crianças, ufa, e vivi a doçura da leveza interna de estar inteira e presente para meus filhos. Foi uma experiência sublime, que só pôde acontecer porque eu fiquei esse ano inteiro dedicada a eles. Seguia cuidando de algumas pessoas que me procuravam pedindo auxílio com a amamentação, mas ainda muito receosa de abrir esse espaço, dessa doação, necessária e intensa.
Algumas marolas e um tsunami do doutorado inglês do marido depois, estávamos nós dois rebolando pra acertar o orçamento, e eu sem querer ficar longe das crianças, quando assisti a um vídeo daquele cara do curso de marketing digital. Os empregos já haviam se desdobrados em vários, mas o depoimento de uma aluna me faz prender o fôlego e encher os olhos de lágrimas: era uma profissional de saúde que passou pela mesma situação em que eu estava e que resolveu aceitar o desafio: “Leve sua missão para o mundo"!
Minha missão... O que eu estava fazendo com tudo oque eu sabia sobre aleitamento materno? Eu podia ajudar mais gente a resolver os problemas com a amamentação e ter bons encontros... Mas não queria ficar de novo horas dentro de um consultório, longe das crianças...
Por isso estamos aqui!
Venham comigo nessa jornada de dividir de forma digital o que eu sei e que, tenho certeza, poderá fazer uma enorme diferença na vida de muitas mães e de seus bebês!